
Fonte: Amigas do Parto
Depois de uma cesárea, posso ter um parto normal?
A resposta é SIM. Como regra o parto normal sempre é mais seguro que a cesariana, uma cirurgia que têm suas complicações já conhecidas. (Veja artigo sobre riscos da cesárea). Existe risco de complicação de aproximadamente 0,6 % a cada vez que uma mulher é operada. De modo geral, a cesárea tem 4 vezes mais risco de morte materna e 10 vezes mais risco de morte neonatal. Essa taxa se repete no mundo todo, independente das condições tecnológicas em que são feitas as cesáreas.
No caso do parto normal após cesárea (PNAC), o principal risco é o de ruptura uterina. A taxa de ruptura uterina nos PNAC é de 0,5%. Caso ocorra uma ruptura, a mulher deve ser imediatamente operada para que o bebê seja retirado e a abertura seja fechada. No entanto deve-se lembrar que a ruptura uterina também ocorre em mulheres que nunca engravidaram ou foram operadas, bem como antes do início do trabalho de parto.
A questão primordial é: não existe parto sem risco, não existe nada na vida sem risco. Viver tem sua taxa de risco, mas deixar de viver não é uma opção. Quando uma mulher (ou um médico) opta pela cesárea para evitar a ruptura, ela não está eliminando o risco. Ela está trocando uma taxa por outra.
Toda mulher que teve cesárea pode ter um parto normal?
A imensa maioria pode, pois no Brasil a maioria das mulheres estão passando pela cesárea sem indicações claras e precisas. Geralmente a justificativa é "falta de dilatação", "passou da hora", "cordão enrolado no pescoço", todos esses argumentos bastante discutíveis. É apenas uma minoria que foi operada por ter problemas reais na bacia ou outra justificativa séria. Alguns fatores devem ser observados, no entanto. Se a operação foi feita com aquele corte baixo, na linha do biquini, então os riscos são de fato muito baixos. A operação feita de cima a baixo, o corte vertical, a princício traz um aumento do risco de ruptura. O outro ponto é o número de cesáreas prévias. Como em cada cirurgia o útero é cortado em um local diferente, quanto mais cirurgias, mais cicatrizes uterinas. No entanto a literatura cita com alguma frequência os partos normais depois de duas, três e até quatro cesáreas. No serviço público essas histórias são mais comuns, pois as mulheres já chegam no período expulsivo e não dá mais tempo de operar, mesmo que os médicos achem indicado.
Se eu sofrer uma ruptura uterina, como saberei?
Nas raríssimas vezes em que ocorre uma ruptura, a mulher percebe que algo está acontecendo. O primeiro sinal é que a dor aumenta muito e de repente. O segundo sinal é que entre as contrações a dor não diminui. O terceiro é uma dor nos ombros, perto do pescoço. Nesse caso a equipe deverá estar atenta e efetuar a cirurgia. Convém lembrar que esses são os sinais para qualquer ruptura uterina, em mães com primeira gestação, mulheres que não tiveram cesárea anterior, etc.
Fonte: Bionascimento
Em trabalho publicado no The New England Journal of Medicine[iv], 2001, Lydon-Rochelle estudou 20.000 casos de PNDC no estado de Washington de 1987 a 1996. Avaliou o risco de RU nos casos de TP espontâneo, parto induzido com prostaglandinas, indução com outros meios com o grupo que partiu para uma cesariana eletiva. A seguir apresentamos uma tabela com os resultados:
Tipo de Parto | Ocorrência de RU |
Cesariana eletiva | 0,16% |
TP espontâneo | 0,52% |
Indução sem prostaglandinas* | 0,77% |
Indução com prostaglandinas | 2,45% |
Observemos que a RU ocorreu mesmo nos casos que foi realizada cesariana sem entrar em trabalho de parto. Outra aspecto é que não foram estudadas outras complicações como infecção materna, hemorragia, tempo de hospitalização, morbidade neonatal, e outros. Nem mesmo a porcentagem de partos vaginais foi apresentada. Apenas a RU.
Um grupo de médicos obstetras e ginecologistas de diversas instituições da Suíça, fizeram um levantamento aleatório de 460.000 partos para avaliar em que casos era melhor a tentativa de um parto normal e quando partir para uma cesárea eletiva. Encontraram cerca de 29.000 casos de mulheres que tinham tido uma cesariana, destes 17.600 (60%) tiveram o que chamamos de “prova de TP” e 73,7% delas conseguiram um parto normal. As outras foram direto para cesariana. As complicações mais freqüentes foram:
· infecciosa, ou seja o aparecimento de febre no pós-parto,
· Sangramento por placenta previa durante a gravidez,
· Ruptura uterina,
· Mortalidade perinatal (infantil).
· infecciosa, ou seja o aparecimento de febre no pós-parto,
· Sangramento por placenta previa durante a gravidez,
· Ruptura uterina,
· Mortalidade perinatal (infantil).
O grupo “prova de TP” teve mais casos de ruptura uterina (RU) do que o grupo que não entrou em TP. Tirando o risco de RU, todas as outras complicações foram menores no grupo que entrou em TP. A RU ocorreu em 70 (0,39%) casos no grupo que entrou em TP e 22 (0,19%) no grupo cesárea eletiva. Na conclusão os autores reafirmam que em um caso de cesariana anterior, que é segura a tentativa de um parto normal, de preferência sem indução. O que aumenta o risco é indução de parto, analgesia peridural, padrões anormais de batimento cardíaco fetal e partos que não progridem bem, que demoram para progredir.
Uma tabela com resumo de variadas publicações que atenderam parto de mulheres com uma cesariana anterior que entraram em trabalho de parto: Nome | Casos | PN (%) | Ruptura Ut. |
Lydon | 20.000 | Não avaliado | 0,45% |
Berkeley | 529 | 313 (59,5) | 0,57% |
Gibbs | 1.192 | 746 (62,6) | |
Grupo Suíço | 17.613 | 12.986 (73,7) | 0,39% |
Califórnia | 7.640 | 6.112 (80) | 0,80% |
Paul | 751 | 614 (82) | Igual |
Portugal | 251 | 161 (64) | |
Marrocos | 130 (2 ces) | 65 (50) | 3,07% |
Dias (Virginia)* | 25.700 | Não fornecido | 0,08% |
Tem muitos links na internet e estudos disponíveis acerca do assunto!! É questão de fuçar e se informar, por isso não vou colocar tanta coisa aqui! Mas para terminar quero colocar um vídeo do Youtube de uma gestante que teve um parto NORMAL, DOMICILIAR, APÓS 2 CESÁREAS! Ah, e ela ainda era gordinha!! É a prova de que tudo é possível...... basta querer!!!
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