Repassando um texto quentinho e ótimo do blog Mamãe Cintia!
O que a gente tem hoje nas maternidades é uma crueldade e violência sexual institucionalizada, não são partos.
Você chega, e é obrigada a tirar sua roupa para usar uma camisola que deixa sua bunda de fora - afinal, sua bunda é pública e você não se importa se todos os desconhecidos virem suas celulites! Você vai de cadeira de rodas como se fosse uma inválida para a sala de pré-parto: não importa se todas as mulheres sabem que a dor da contração é terrível sentada numa cadeira e pior ainda deitada. Raspam seus pêlos pubianos e fazem lavagem intestinal para provar que podem fazer o que quiser com seu corpo.
Você deixou todos os seus pertences, óculos, sapatos. Afinal, seus germes devem ser terríveis, e a roupa do hospital te salvará. Umas três pessoas diferentes já mexeram na suas partes baixas. Você será impedida de comer ou beber até o bebê nascer (umas 12 horas, mais ou menos), mesmo que haja recomendações da OMS do contrário.
Você será convencida a ficar deitada numa maca, com as pernas abertas para qualquer médico que passar por ali enfiar os dedos em você: afinal, sua vagina é um vaso de água benta, né. Você fica sozinha, já que afinal você tem que ser forte e aguentar a dor e a vulnerabilidade do parto sem acompanhante. Não pode gritar, gemer, soluçar, sob penas de ouvir que 'na hora de fazer estava bom' ou 'teve filho porque quis'. Olhares de desprezo das enfermeiras, porque houve 'sujeira' e frescura. O parto é teu castigo por ser pobre, por ser mulher, por estar grávida.
E vem o 'sorinho' e ruptura artificial da bolsa, sem uma indicação clara. O soro que trás contrações fortíssimas, doloridíssimas. 'Mãezinha, não levanta senão seu bebê pode morrer'. Tem um monitor de batimentos cardíacos na sua barriga verificando o tempo todo se o seu filho não morreu ainda, porque o útero é muito perigoso. Você não é dona de seu corpo, os médicos decidem para você qual a posição que seu corpo tem que ficar e que procedimentos sem indicação médica você tem que passar. Tua vagina, teu útero não te pertencem.
Ah, mas eles podem dar a solução para a dor. Eles enfiam uma agulha na sua coluna com analgésico. E você agradece, né, porque afinal AS CONTRAÇÕES que doem. Não foi a humilhação de ter sido manipulada por um sem-número de mãos, de ter sido destratada, de não ter solidariedade, de não ter carinho. O soro, ficar deitada não tem nada a ver, né!
Uma hora eles DECIDEM que você deve empurrar - é, deitada e AMARRADA, com as pernas bem abertas para qualquer um passar atrás e ver. Sim, porque o médico tem mais poder do que seu útero, ele que decide a hora que seu corpo deve trabalhar. (Pense em evacuar deitada. Com todos olhando e falando 'mais força. mais. mais força'.) Mas não tem problema, porque ele vai colocar mais soro, algum médico/enfermeira vai empurrar a sua barriga como se você fosse uma pasta de dente, e ah! o médico vai cortar a sua vagina com uma tesoura sem te avisar. Se você ainda não fizer a força do jeito que eles querem, eles arrancam a criança com o forceps. Deixam vc ficar com ela uns 5 minutos, e te devolvem depois de umas 6 horas.
Agora, pense que você está num ambiente sem parentes, amedrontada. Fragilizada como se estivesse na maior TPM adolê do mundo (vezes 500). Apavorada com as mulheres gritando e sendo tratadas como cadelas. Um parto frank.
Compare com ficar em casa. No silêncio ou com seu CD preferido. Dançando, dormindo, de pé, na bola, na banheira ou no chuveiro - o tempo que você quiser, na posição que quiser, pelada ou com suas roupas. Com pessoas que demonstram confiança, que sabem que você é uma mulher poderosa, que está parindo. Pessoas que te admiram. O médico/parteira pede seu consentimento para cada vez que faz toque ou escuta o coração. Você recebe massagens se quiser, na sua cama, no seu banheiro, na sua sala. Sua comida, sua roupa, sua música, seu marido, seu cachorro.
Você pode gritar, você pode xingar, pode chorar. E todos vão lhe apoiar, pois sabem que o parto é um trabalho.
O parto é seu, o corpo é seu, o filho é seu, as outras pessoas estão ali só para lhe dar apoio.
Tem como comparar?
Você chega, e é obrigada a tirar sua roupa para usar uma camisola que deixa sua bunda de fora - afinal, sua bunda é pública e você não se importa se todos os desconhecidos virem suas celulites! Você vai de cadeira de rodas como se fosse uma inválida para a sala de pré-parto: não importa se todas as mulheres sabem que a dor da contração é terrível sentada numa cadeira e pior ainda deitada. Raspam seus pêlos pubianos e fazem lavagem intestinal para provar que podem fazer o que quiser com seu corpo.
Você deixou todos os seus pertences, óculos, sapatos. Afinal, seus germes devem ser terríveis, e a roupa do hospital te salvará. Umas três pessoas diferentes já mexeram na suas partes baixas. Você será impedida de comer ou beber até o bebê nascer (umas 12 horas, mais ou menos), mesmo que haja recomendações da OMS do contrário.
Você será convencida a ficar deitada numa maca, com as pernas abertas para qualquer médico que passar por ali enfiar os dedos em você: afinal, sua vagina é um vaso de água benta, né. Você fica sozinha, já que afinal você tem que ser forte e aguentar a dor e a vulnerabilidade do parto sem acompanhante. Não pode gritar, gemer, soluçar, sob penas de ouvir que 'na hora de fazer estava bom' ou 'teve filho porque quis'. Olhares de desprezo das enfermeiras, porque houve 'sujeira' e frescura. O parto é teu castigo por ser pobre, por ser mulher, por estar grávida.
E vem o 'sorinho' e ruptura artificial da bolsa, sem uma indicação clara. O soro que trás contrações fortíssimas, doloridíssimas. 'Mãezinha, não levanta senão seu bebê pode morrer'. Tem um monitor de batimentos cardíacos na sua barriga verificando o tempo todo se o seu filho não morreu ainda, porque o útero é muito perigoso. Você não é dona de seu corpo, os médicos decidem para você qual a posição que seu corpo tem que ficar e que procedimentos sem indicação médica você tem que passar. Tua vagina, teu útero não te pertencem.
Ah, mas eles podem dar a solução para a dor. Eles enfiam uma agulha na sua coluna com analgésico. E você agradece, né, porque afinal AS CONTRAÇÕES que doem. Não foi a humilhação de ter sido manipulada por um sem-número de mãos, de ter sido destratada, de não ter solidariedade, de não ter carinho. O soro, ficar deitada não tem nada a ver, né!
Uma hora eles DECIDEM que você deve empurrar - é, deitada e AMARRADA, com as pernas bem abertas para qualquer um passar atrás e ver. Sim, porque o médico tem mais poder do que seu útero, ele que decide a hora que seu corpo deve trabalhar. (Pense em evacuar deitada. Com todos olhando e falando 'mais força. mais. mais força'.) Mas não tem problema, porque ele vai colocar mais soro, algum médico/enfermeira vai empurrar a sua barriga como se você fosse uma pasta de dente, e ah! o médico vai cortar a sua vagina com uma tesoura sem te avisar. Se você ainda não fizer a força do jeito que eles querem, eles arrancam a criança com o forceps. Deixam vc ficar com ela uns 5 minutos, e te devolvem depois de umas 6 horas.
Agora, pense que você está num ambiente sem parentes, amedrontada. Fragilizada como se estivesse na maior TPM adolê do mundo (vezes 500). Apavorada com as mulheres gritando e sendo tratadas como cadelas. Um parto frank.
Compare com ficar em casa. No silêncio ou com seu CD preferido. Dançando, dormindo, de pé, na bola, na banheira ou no chuveiro - o tempo que você quiser, na posição que quiser, pelada ou com suas roupas. Com pessoas que demonstram confiança, que sabem que você é uma mulher poderosa, que está parindo. Pessoas que te admiram. O médico/parteira pede seu consentimento para cada vez que faz toque ou escuta o coração. Você recebe massagens se quiser, na sua cama, no seu banheiro, na sua sala. Sua comida, sua roupa, sua música, seu marido, seu cachorro.
Você pode gritar, você pode xingar, pode chorar. E todos vão lhe apoiar, pois sabem que o parto é um trabalho.
O parto é seu, o corpo é seu, o filho é seu, as outras pessoas estão ali só para lhe dar apoio.
Tem como comparar?
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