Esse é o primeiro relato de amamentação do meu blog! Foi escrito por uma ex-doulanda, amiga querida, psicóloga e agora mãe de duas crianças lindas!! Achei ótimo trazer sua história pra cá, pois muitas mulheres pensam que amamentar é fácil.... que é colocar no peito e pronto! Mas nem sempre é assim! Há obstáculos que podem surgir e atrapalhar esse momento de intimidade, amor e vínculo tão especiais!
Vamos lá.....Nos primeiros dias foi tudo bem, o leite desceu, os mamilos ficaram sensíveis, um pouco doloridos, mas a bebê mamava bem, sugava forte, porém não abria bem a boca na hora da pega e eu não tinha percebido esse detalhe, a pega não estava boa. Comecei a sentir muita dor durante as mamadas e apareceram as primeiras fissuras nos mamilos, como eu já tinha passado por algo similar seis anos atrás, corri para o banco de leite da minha cidade. Lá as enfermeiras me auxiliaram corrigindo a pega e me ensinando a fazer massagem, ordenha, passar o leite materno nos mamilos para ajudar na cicatrização e dar o LM para a bebê utilizando a técnica do copinho para evitar o uso da mamadeira. Mesmo com todos os cuidados e seguindo as instruções as fissuras aumentaram e a dor começou a ficar insuportável. Minha filha chorava de fome e eu chorava de dor, não aguentando deixa-la mamar mais do que 5 minutos em cada mama. Recebi a visita e o apoio da minha doula e também de outra amiga que é enfermeira obstetra, elas me orientaram me encorajaram a continuar, relembrando que muitas mulheres passam por estas dificuldades iniciais, mas que é possível ter uma amamentação bem sucedida com perseverança e dedicação. E eu estava decidida, iria continuar...
Mais ou menos 10 dias após o nascimento da minha filha eu não aguantava mais a dor causada pelas fissuras, minha filha não estava mamando direito e eu não conseguia nem ao menos ordenhar as mamas. As mamas estavam inchadas doloridas e o leite estava empedrando, estava começando a ter febre e sentir calafrios, eu chorava e sentia muita angústia porque queria muito que a minha filha se alimentasse direito e não estava conseguindo. A consulta com a pediatra ainda demoraria 5 dias, era muito tempo para esperar. Foi então que eu e meu marido tomamos uma decisão, com dor no coração compramos uma lata de leite Nan e comecei a dar o complemento no copinho, eu continuava ordenhando o que podia e dando meu leite para ela no copinho também. Eu me sentia frustrada e muito cansada porque era muito difícil dar o leite no copinho e depois ordenhar o meu, saia pouco ás vezes 20 ml, 30 ml das duas mamas e doía demais porque os mamilos estavam muito machucados. Eu estava no meu limite, sem dormir direito e extremamente cansada, sentia que já não tinha forças para ordenhar uma gota mais de leite; meu marido foi um anjo quando por várias vezes se ofereceu para fazer a massagem e me ajudar na ordenha, e não é que ele tinha aprendido direitinho?
As fissuras eram enormes, doíam demais e sangravam. Um dia eu pensei, vou dar o peito mesmo assim, vou aguentar a dor, mas na hora em que a bebê abocanhou o mamilo com força literalmente arrancou um pedaço, o pedacinho ficou pendurado, foi muito impressionante e doloroso. Fui na minha GO e ela me disse que estava começando com uma mastite, receitou antibiótico e repouso, ou seja não poderia mais amamentar, não havia condições. As feridas estavam começando a infeccionar, quando eu ordenhava saia leite, sangue e pus.
Uns dois dias depois o antibiótico começou a fazer efeito e parou de sair pus, mas as fissuras ainda eram grandes, e a dor também, tinha que tomar analgésico várias vezes durante o dia e não podia dar o peito pra minha filha. Eu continuava ordenhando e dando meu leite e complemento. Ela se adaptou bem ao copinho, mas sentia muita necessidade de sugar. Como eu não queria dar chupeta, comecei a oferecer meu dedo mindinho a ela como uma “chupeta natural”.
Entrei em contato com a minha amiga enfermeira e ela começou a vir todos os dias em casa, me ajudava a fazer a ordenha e a massagem para esvaziar as mamas. No dia 20 com a ajuda dela coloquei a bebê novamente no peito para mamar, confesso que sentia medo de piorar as fissuras, os mamilos estavam começando a cicatrizar então... Começamos pela mama esquerda que era a menos machucada e a bebê mamou uns 10 minutos, eu vendo estrelas de tanta dor! No dia seguinte olhávamos a avaliávamos qual mama estava menos machucada e menos dolorida e eu colocava a bebê para sugar nessa por uns 10 a 15 minutos, era o máximo que eu aguentava, só uma vez por dia...e assim foi até que os mamilos começaram a melhorar. Fui aprendendo a corrigir a pega, a trocar de posição, a retirar o mamilo da boca da neném sem machucar e pouco a pouco eu e a minha filha fomos ficando mais tranquilas e relaxadas na hora da mamada. Nós duas estávamos até dormindo melhor.
Agora que os mamilos tinham melhorado e que eu podia colocar minha filha para mamar, precisava reeduca-la: ela gostava de sugar o bico do seio, por isso tinham aparecido as fissuras e também dormia no peito, então a sucção ficava fraca e ela ficava chupetando o mamilo... isso doía muito e piorava as fissuras. Felizmente fomos corrigindo isso aos poucos e para isso usei o mama tutti, um aparelhinho de relactação onde o leite, no meu caso o complemento, é enviado por uma sonda e o bebê o recebe ao mesmo tempo em que suga o mamilo. Foi muito bom usar o mama tutti porque a sucção estimulou o meu peito a produzir o leite necessário para suprir a necessidade da minha filha e o fluxo maior do leite a estimulou a sugar com mais ritmo e força. Comecei a tomar chás (camomila, erva cidreira, chá da mamãe) e tintura de algodoeiro para estimular a produção de leite.
A bebê mamava com mais frequência, a quantidade de leite começou a aumentar e pouco a pouco começou a diminuir a quantidade de complemento que ela tomava...de 90 por dia, passou para 60 e no outro dia 30...até que um dia eu coloquei o copinho com complemento na boquinha dela e ela cuspiu todo porque já tinha ficado satisfeita só com o meu leite!
Eu que pensava que nunca iria conseguir dar só o meu leite para ela, estava alimentando ela exclusivamente com o meu leite...quase um mês e meio depois! Ah, e estava ganhando peso!
Mas a história não termina aqui! De repente eu comecei a notar que algo tinha mudado na hora de mamar. Comecei a sentir uma dor diferente, mesmo com os mamilos quase totalmente cicatrizados apareceu um ardor e uma queimação. A dor era mais intensa depois do que durante a mamada e se espalhava até as costas ou até as costelas. Os mamilos começaram a ficar avermelhados e inchados e alguns minutos após a mamada a ponta dos mamilos ficava esbranquiçada. –De novo não! –pensei. – isso não pode estar acontecendo comigo de novo!
Pois é! Era candidíase nas mamas. Fui novamente à médica que me passou os medicamentos para tratar a infecção.
Hoje minha filha está com um mês e 22 dias (bem rechonchuda, rs) e posso dizer que consegui superar todas as dificuldades graças a perseverança e a convicção de que o LM e a amamentação são muito mais do que alimento. Posso sentir o prazer e a satisfação de amamentar e afirmar que amamentar é um ato de amor!
Agradeço o apoio incondicional que encontrei em meu marido e nas pessoas que me rodearam e que me ajudaram: Rê, minha doula linda, Pri, GO maravilhosa e Dri, minha enfermeira preferida, fofa!
Mirian
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